quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Dos Hefner wannabes e das moças novas

Uma moça nova. Apanhou-me na estação, à espera do comboio, e começou a falar para mim como se fôssemos amigas de infância! Devo ter cara de boa pessoa... A cena é que não sou! Eu já não sei se ela se sentia sozinha ou se estava alterada. Dei por mim a tentar apurar, enquanto ela discursava sobre o carro que espetou contra a parede, se o hálito dela cheirava a álcool ou se os olhos estavam vermelhos. Não cheirava. E ninguém fica assim por fumar um cacete! Lá a despachei para entrar na carruagem a pensar que ela se ia deixar ficar sentadinha. Tá queto! Veio atrás de mim, como não poderia deixar de ser.

Ela queria sentar-se à minha beira, eu sei que queria! Mas eu não ando nisto há meia dúzia de dias. A mim não me apanham mais nesses filmes! Sou passageira velha guarda! Sentei-me logo num cubículo ocupado e pousei a bagagem no assento ao meu lado. Ela ainda parou. Por momentos pensei que ela se ia sentar junto ao passageiro que já lá estava anteriormente. Passou-me a minha vida toda em flashes pelos olhos. Fiquei esquálida! Depois de uns segundos de indecisão (que me pareceram horas) lá se decidiu pelo cubículo ao lado. Sentou-se, sacou de um livro qualquer, e começou a  ler. Segundos depois estava rir-se às gargalhadas. Sozinha. Aquilo parecia uma cena retirada do American Psycho.

Não sei se foi pelo seu riso jovial ou pela cara de princesa (porque nisto da vida há gostos para tudo) mas, o que é certo, é que o Hefner se sentou à beira dela. Ela com vontade de falar, ele com vontade de outras coisas. Juntou-se a sede à vontade de beber. Falaram da crise, dos chineses que iam invadir a Europa, do Seguro do PS, da Primark, do percurso que faziam no comboio. Enfim, paleios de saco!! A moça nova lá saiu em Famalicão e aí é que começou a música.

Haviam de o ver em acção... Um porco a caminho da matança não deve fazer tanto barulho como o que o Hefner fazia a tossir. Parecia que queria executar tiro ao alvo com um pulmão! Ainda nos presenteou a todos com uma ida à porta e uma escarradela daquelas que parece que percorrem o corpo todo até chegar à boca. 

Eu atraio tolinhos, é a minha sina. E assim começou o meu dia...

Catarina Vilas Boas

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