terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Das carpas

Excluindo aquelas pessoas meio esquizofrénicas que têm verdadeiras taras por locomotivas, não creio existir neste mundo aborrecido algum adulto que aprecie uma viagem de comboio como uma criança.

Mesmo esses ditos tarados exigem máquinas à antiga. Verdadeiras! Outrora alimentadas a carvão e carregadas de história, como as que se vêem nos filmes de cowboys. As crianças não! Para elas, esta espécie de metro agigantado a que nós chamamos arrogantemente de comboio, em Portugal, é uma das sete maravilhas mundiais e um poço inesgotável de sensações únicas.

Já os vi fazer de tudo dentro de uma carruagem: balouçarem-se nos varões como verdadeiros artistas circenses, relatarem as paisagens mundanas com a perícia de um locutor de rádio, esmagarem as caras contra os vidros e sorverem-nos, de boca bem aberta, como aquelas carpas chinesas que o povo macho man gosta de tatuar na perna. E eu adoro, confesso. 

As crianças, não a tatuagem! Se é para tatuar um animal ao menos que se tatue um de jeito tipo um leão ou um lobo... Não uma sardinha com bigodes!! 

Catarina Vilas Boas

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